sábado, outubro 28, 2006

Sindicatos satisfeitos com mestrado obrigatório para novos professores II



Fonte: UNIDERP

A grande questão que o novo quadro coloca prende-se com o problema de passar haver dois sistemas: pré-Bolonha e pós-Bolonha. Penso que tal como no caso do sistema dos bacharelatos, rapidamente passará a haver uma exigência do mercado de um grau superior. Alguém se lembra por exemplo de que em Portugal os enfermeiros eram bachareis? Os cursos de complemente multiplicaram-se apesar de não existir nenhuma norma que obrigasse à obtenção do grau de licenciado. Aliás existem ainda alguns enfermeiros que estão bem longe da idade da reforma e que são apenas bachareis (a licenciatura surgiu à coisa de 10 anos, primeiro com os ESE, depois...)
Os cursos de complemento foram uma boa fonte de financiamento para as Escolas de Enfermagem que hoje se multiplicaram (se há coisa que não acredito é de profissionais em excesso - à conta disto Espanha tornou-se exportadora de mão-de-obra qualificada, essa emigração trouxe-lhe divisas e novas oportunidades e se pensam que a maioria dos profissionais de Saúde espanhóis vieram para Portugal, façam uma visitinha a um hospital no Reino Unido).
O modelo dos cursos de complemento é no entanto um exemplo do que em Portugal a aposta na qualificação pode-se transformar num desastre. Em vez de trazerem um valor acrescentado, tornaram-se apenas numa fonte de financiamento para a Escolas de Enfermagem, que se limitavam a passar diplomas para profissionais que frequentavam estes cursos na ânsia de terem melhorias salariais e progressões na carreira.
Não houve qualquer exigência de melhor qualidade, nem de alunos nem de professores, nem das escolas. Todos trabalhavam na lógica da carreira e não da qualificação.
Demonstram assim que boas ideias chocam com um príncipio básico que é díficil de se implementar em Portugal: cidadania!


(continua)

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