domingo, junho 20, 2004

Artaud

"Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.

Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre morto.

Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto

Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

Génio Louco?

Eis o resultado do meu teste de Gênio Louco.




Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia



Não podia estar mais feliz.
Adoro Dali!!!!!!!!!!!!!!!!!
Será que isto resulta mesmo?! :)

quarta-feira, junho 16, 2004

Interrogações

No portátil que utilizo, a tecla de ponto de interrogação deixou de funcionar.
Provavelmente deve-se a excesso de uso, ou então deve-se ao facto de eu o ter aberto para ver como era por dentro (e tirar um maldito de um clip que tinha entrado pela ranhura das disquetes).
De qualquer modo, estou limitado a não interrogar.
Posso exclamar, afirmar, mas não posso pensar.
Porque não consigo imaginar o que seja reflectir sem ser interrogar e interrogar sem dialogar.
Mas hoje parece que este mal de que sofre o meu pobre computador, aflige muita gente.
Já viram como é difícil ver alguém a reflectir em voz alta. Ou seja a perguntar-se.
É tabu (sabe-se lá que maldição sagrada poderia cair sobre nós, se cometessemos tal pecado).
Existe mesmo uma ideia de que a reflexão é um processo interior, feito dentro da cela de mosteiro que é o nosso corpo. Confunde-se reflectir com inflectir.
Ou seja:
-Eh pá, guarda lá essas dúvidas para ti, vê lá se te calas e ...
Terá de ser mesmo assim (bolas! Falta a porcaria do ponto de interrogação. Vêem como faz falta! Para dar início a um pensamento, a uma reflexão publica).
Quando uma pessoa dá uma aula, penso que essencialmente uma pessoa levanta reflexões. Essas reflexões são partilhadas com os alunos, tentando-se que naquela sala vários pensem em voz alta.
Ao tentar esta experiência choco sempre contra um muro criado pelo nosso sistema de ensino.
Porque o nosso sistema de ensino faz-nos penar durante doze anos com reflexões como:
-Então a democracia quer dizer o poder do… do…. do…
E enquanto as crianças se interrogam sobre o que é que a professora quer com o “do… do… do…” esta vai impacientando-se cada vez mais por uma falta de resposta.
-Vá lá meninos respondam! Do… do… do…
Diz alguém a medo:
-Homem (interrogação maior que a pergunta)
-Não (diz a professora)! Demos! Demos!!
Os alunos interrogam-se quando é que de facto “deram” para este peditório.
-Povo! É o poder do Povo! Das Pessoas! (expressão de desespero).
Na aula seguinte e face à mesma pergunta, um aluno mais interessado responde:
- das pessoas!
Responde a professora
- Também está certo, mas o correcto mesmo é dizer-se do Povo. Demos é igual a Povo. É fácil de decorar, não é!
Pois é. Doze anos a decorar as repostas a “do...do…do…”. Alguém espera então que de um momento para o outro as pessoas comecem a ler artigos, a reflectir sobre eles, a interrogar-se. Por isso é que “empinar” é palavra de ordem.
Uma vez uma amiga minha inglesa, perguntou-me:
-Empinar quer dizer estudar não é (interrogação. Bolas para o carácter que faz tanta falta!)
Será (cá está outra vez. Deveria aparecer aqui. Rais parta o raio do…)
Fica cá a dúvida, mesmo sem ponto de… de… de…

segunda-feira, junho 14, 2004

Entrada 1

Muitos dos que me conhecem podem ter ficados supreendidos com o poema. Também eu fiquei. Saiu, ou seja escapou para aqui para o ecrã.
Olá Mundo é um dos primeiros passos da informática. Quem aprende a programar, começa exactamente por aqui.
Eu comecei por um ZX81 com 8kb de memória. Lembro-me ainda de ficar entusiasmado e orgulhos, frente às palavras "Olá Mundo" escritas no ecrã da televisão.
Pela primeira vez era eu quem mandava nas imagens que passavam naquele electrodoméstico.
Foi assim que me deixei maravilhar pelo computadores.
A descoberta da rede foi uma coisa diferente. Estavamos em 1995 e eu tinha ido de Erasmus para Madrid. Tinha tido contacto com terminais VX através de alguns amigos meus de informática. Sabia o básico: telnet: etc etc etc.
Através do ecrã negro, com palavras a uma cor, entrava numa sala, para conversar. Eram os talkers. O tempo do "Esgoto".
Tinha-se de ir ao centro de Informática da Universidad Complutense (que reune qualquer coisa como 120.000 alunos) e esperar na fila a vez de conseguir um lugar em frente a um monitor. Desciamos as escadas para a sub-cave, uma sala com mesas, monitores, teclados e pessoas. Era o básico para comunicar.
Cá em cima dois Macs LC estavam práticamente ao abandono. Impressionante. Eram eles que tinham a capacidade de navegar, mas o que as pessoas queriam naquele meio era comunicar.
Um dia subi, sentrei-me em frente ao Mac, abri o Netscape (2.1 ou coisa que o valha) e digitei "www.publico.pt". E lá estavam as imagens que faziam o jornal. As noticias, as histórias, o Guterres e o Sampaio juntos na marcha contra a Droga.
Eram assim os primeiros dias da Rede...

Olá Mundo

Olá Mundo

Olá Mundo
mito de criação
resposta do eterno
livre de erro
esperança de luz
ecrã de verdade
palavra feliz
mente espelhada
escrita que diz

Olá Mundo
desde aqui donde penso
partilho na rede
o meu interior
alma ou cérebro
consciência ou não
quero acreditar
que há vida aqui
paaaaaaaraaaaaaaaa seeeeeeeeeempre
socorro
caixão

Olá Mundo
código transcrito
seguindo a Matriz
escravo desse dono
poesia à solta
pensamento
revelação
transcrição
erecção
toma

Sentes-te Feliz?

Olá Mundo
quem é que o diz
tu ou eu
aqui ou aí
percebes o que digo
recitas apenas
palras
sentes
pensas
diz!!!!!!!!!!!!!!!

Olá Mundo
Eis o teu servo
onde estás vontade
quero-te a ti verdade
mente
simula
disfarça
já não agarras
já não é teu
tens fé?
acreditas?
faça-se luz!
Luz!
Luz!
Luz!
Viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiidaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!