quarta-feira, outubro 18, 2006

Hope



Parte III da entrevista de Bill Clinton à Fox
Fonte: Youtube

Tenho para mim que quando os E.U.A. espirram a Europa constipa-se, sobretudo em termos de políticas.
Parece-me demasiada coincidência a viragem da Europa para uma política monetarista ao mesmo tempo que os Repubicanos assumem o poder e pretendem afirmar a sua vitória na Guerra Fria.
Nada me tira da cabeça que o domínio do discurso neo-liberal, que possui hoje uma penetração nos media sem precedentes, está relacionado com essa mesma vitória.
Já ninguém ouve falar dos méritos da social-democracia escandinava, ou alemã.
Não pretendo com isto aderir a uma teoria da conspiração. Acho simplesmente que a administração norte-americana soube passar muito bem a sua mensagem, vendendo o seu produto.
Esta "vitória" provoca desequilíbrios vários. Por essa mesma razão não posso deixar de recordar com alguma nostalgia os tempos em que Clinton governava a Casa Branca. Em que os escândalos a existir prendiam-se mais com a "arma" do presidente, do que com as armas da nação. Escândalos mais de folhetim barato, com laivos de puritanismo.
É por isso que a entrevista à Fox News de Clinton mostra-o na sua melhor forma. O "Come back kid" faz jus à sua alcunha.
O regresso de Gore mostra também que os democratas estão de volta e pretendem marcar a agenda. Temas como o ambiente, as desigualdades e tantos outros, estão de volta para marcar a agenda (já repararan como o défice veio a ofuscar tudo, branqueando mais do que qualquer outra manobra política? Inocente?).
Eu continuo a ter uma inefável afinidade com os democratas americanos, em especial com muitas das propostas da administração Clinton. A sua ligação com as propostas de Kennedy trazem ao de cima o melhor que este partido soube produzir.
Das várias partes desta entrevista escolhi não a mais sensacional, onde Clinton se pega directamente com clara linha editorial republicana da Fox, mas aquela em que ele demonstra como as suas propostas estão a vingar e como não é preciso estar na presidência para marcar a agenda. Cliton continua a querer transformar o mundo, utilizando para isso o grande capital. Ele não vende um modelo de sociedade, nem muito menos a impõe. O seu modelo não se baseia no negócio do petroleo, ou na ideia do self made men. Ele simplesmente quer ajudar a que se possa viva melhor. Na sua forma mais simples.
Faz-me sem dúvida voltar a acreditar naquele lugar chamado Hope.

Sem comentários: