terça-feira, maio 24, 2005

Não adies.

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

De António Ramos Rosa

Do you SIG????

Quem quiser trabalhar em SIG's não se encontra forçosamente limitado por uma questão de orçamento.
Aqui vai um link de um SIG gratuito, e robusto: http://grass.itc.it/
Sem dados? Então porque não uma visita ao atlas do ambiente: http://www.iambiente.pt/atlas/est/index.jsp

sexta-feira, maio 20, 2005

Defice??

Esta conversa do défice…
É verdade que em Portugal temos défice de muita coisa (de Educação, de Saúde, de Cultura) mas parece-me que claro que esta conversa do défice orçamental é um argumento encapotado. É o mais claro ataque do liberalismo económico desenfreado. Menos Estado, melhor estado (é o argumento).
Ontem na SIC Noticias (Jornal de Negócios), dois especialistas advogavam, pela enésima vez, o emagrecimento do Estado.
Faz lembrar a história do cavalo do inglês. Há que cortar na despesa maior.
No caso do cavalo já se sabe, deu mau resultado, o cavalo morreu…de fome.
Simples consequências:
- aumento do desemprego (curioso que foi o tema deixado para último no dito programa) – o tecido económico português no quadro actual não tem capacidade de absorver + 300.000 pessoas.
- menos recursos
- piores serviços (quando se pensa em sectores como a saúde, ou a segurança, onde existe já falta de efectivos, já se está a ver onde isto vai dar).
Na trilogia de gestão Eficiência, Eficácia, Vantagens competitivas, ficamos nas eras dos 60 ou 70, ou seja Eficiência (fazer mais) Eficácia (com menos). Onde está o pensamento de tirar partido das nossas vantagens competitivas. Não há?? Tem de haver.
O discurso da competitividade vai assim substituir o do défice, já se está a ver porquê.
Está lá no horizonte. Mas resta saber como. Que competitividade? Como fazer crescer a economia? O Milagre é o Estado Anoréxico?
Pois é. Infelizmente de futuro ainda vamos ouvir pregar contra o bem-comum para bem-comum.
A melhor caricatura desta conversa (que foi toda aquele anedota chamada Jornal de Negócios) foi no final quando o Presidente da SIBS (quem gere o Multibanco) fala dos custos da educação.
A pergunta foi relativa ao facto que os alunos do ensino particular serem subsidiados pelo Estado, aumentando assim os gastos da Educação. A resposta foi divinal:
- Os Pais dos alunos no ensino particular são taxados duas vezes, ao pagarem as ditas propinas e ao descontarem impostos.
Esqueceu-se o Sr. de que de facto essas propinas recebem em parte o apoio do Estado, sendo a opção única e exclusivamente sua, de não querer que os seus filhos frequentem o Ensino Pulico. Ou seja, nós todos é que acabamos por pagar por essa sua opção.
Será que a resposta a Ensino Público de qualidade é ensino privado? Acho que as nossas Universidades respondem bem a essa questão. Mas isso é uma outra conversa.

terça-feira, maio 17, 2005

Linha

Uma sala cheia, esteve lá para ouvir falar sobre uma linha.
Que raio? Sobre uma linha? Que raio de coisa era essa??? Deve ser mais uma pós-modernice qualquer.
Enganam-se. Foi uma lição magistral. De Biologia, Psicologia Cognitiva, Antropologia, Filosofia e muito mais.
Requeria ler, estudar, trabalhar para perceber. Não era fácil. Mas depois foi como uma revelação.
Não dá para explicar. Só ouvindo. Quem estava a trás de mim exclamou "É pá isto veio aqui a dar-me umas ideias! Abriu-me a mente para tantas coisas".
Ingold é In Gold.
Por uma vez não me sentei a ver a todo o momento como podia aplicar aquelas ideias à arqueologia. Nada disso. Era simplesmente de escutar, ouvir e pensar sobre a linha.
3 perguntas:
- Porque será que todas as coisas têm contornos?
- E camadas? A realidade não tem camadas?
- Será que não podemos fugir à Matrix?
Para acompanhar recomendo um pequeno livro editado pela Gradiva: MetaDialogos, de Gergory Bateson. Tem cerca de 90 páginas e lê-se muito bem.
É muito à frente. Mesmo muito.

terça-feira, maio 10, 2005

Por em causa

Ouvi ontem o Sr. Presidente dizer que nos devíamos virar e questionar outros, para não serem sempre os dos costume.
Virou-se então para as taxas de reprovação no ensino superior, para a avaliação deste e para o colocar em causa os professores do ensino universitário e politécnico.
Estou no ensino superior há alguns anos, primeiro como aluno e hoje como docente e aluno.
Não sei porque é que o Sr. Presidente virou para ali. Se foi porque era o único lado da cama livre, ou se foi porque os filhos não estão a ter o aproveitamento que queria, ou se por qualquer outra razão.
Mas posso relembrar o Sr. Presidente de que, quem tem sucesso aqui costuma-o ter também fora de portas. Os inúmeros jovens da minha geração (tenho 30 anos) que estão a dar cartas a nível internacional são disso exemplo. E não voltam. E sabe o Sr. Presidente porquê?
Não, não é por ter professores que os reprovassem (que não os estimulassem talvez, mas que os reprovassem, não crei).
Sobretudo é porque não têm condições. Porque o ensino universitário em Portugal é extremamente desmotivante. Porquê? Porque teriam de ocupar parte do seu tempo a dar aulas e sabe o Sr. Presidente a quem. A uma maioria que tem um nível de conhecimentos baixíssimo, habituam-se a fazer copy-paste do Google desde cedo, não lêem e tantos outros maus hábitos.
Infelizmente já há tempo que me deixei de espantar que as Faculdades tivessem mais patrocínios de marcas de cerveja do que de editores livreiros (é fácil os alunos gastam bem mais dinheiro num do que noutro). As cervejeiras de certo patrocinaram de bom tom o argumento de que “Divertir-se é preciso”.
Sr. Presidente, lembra-se do anúncio em que um aluno sonhando com a festa do dia anterior acorda na aula para exclamar o resultado certo? Pois é, mas no ensino superior é difícil que o resultado certo seja sempre três cervejas pedidas no bar no dia anterior.
A não ser que comecemos a ter como base do ensino universitário a matemática das equações de 2 grau.
Todos bebemos cervejas e vamos a bares e divertimo-nos, mas não fazemos disso o ensino superior.
Porque quando a “ave rara” é aquele que vai à Biblioteca, o que mostra interesse, o que sabe, dificilmente conseguiremos ter taxas de aprovação superiores.
Mas podemos sempre começar a ter testes cervejeira.
Não foi o Sr. Presidente que se referiu uma vez à “cultura da exigência”?

sábado, maio 07, 2005

Estratégia, Planeamento, Gestão

Estes três termos parecem ser a obsessão dos tempos modernos.
É no ensino, nos sistemas de informação, no território.
É licito reconhecer a validade dos modelos organizacionais, mas a sua aplicação cega tem custos elevados.
No campo da educação já estive mais perto destas soluções, mas aplicar um esprito de missão aos estudantes e outras coisas do género, convenhamos é querer forçar algo à realidade pela força.
No território... Qual é o espirito de missão de uma região??? E o modelo de avaliação (cadeia valor ?)?
Há coisas que se calar pertencem ao dominio da organizações.
Eis alguns links para conceitos simples:
http://en.wikipedia.org/wiki/Strategic_management
http://en.wikipedia.org/wiki/Urban_planning
http://en.wikipedia.org/wiki/Regional_planning

terça-feira, maio 03, 2005

O ouro e o bandido ou Arqueologos e Tesouros

É capa de um dos semanários locais de Tomar.
A Autarquia queixa-se dos custos com as obras de acompanhmento (20% do total do projecto).
Leiam em http://www.cidadetomar.pt/noticia.php?id=2441

segunda-feira, maio 02, 2005

Espaço, Meio, Paisagem, Território

Por muis razões que não cabem aqui, não escrevi nada de novo nos últimos tempos.
Deixo caminho a textos mais ricos que podem ser aqui publicitados.
Vítor Oliveira Jorge escreveu recentemente duas interessantes reflexões sobre espaço e arquitecturas pré-históricas.
São dois textos sintéticos, que vão ao essencial. E a consulta é lvre e gratuita. Basta visitar: http://architectures.home.sapo.pt/RecentResults.htm