Plágio
por
Earl Babbie
Plágio é a apresentação de palavras ou ideias de outrem como nossas. |
Tornar um texto que na realidade foi escrito pelo teu colega de quarto e dizer “Fui eu que escrevi isto”, é um claro exemplo de Plágio. O mesmo é verdade quando se compram textos já “Pré-fabricados”.
O mais leve castigo para plágio deste tipo, seria a atribuição de um zero como nota para esse texto. Outro castigo seria não ter aproveitamento nessa disciplina, ou mesmo ser expulso da escola Como podes ver trata-se um crime bastante grave.
O plágio é errado por várias razões.
Primeiro que tudo é mentir. Se te foi pedido que escrevesses qualquer coisa como prova de que pesquisastes vários materiais e tu estás a tomá-los de outra pessoa, isso é mentir (e roubar). È o mesmo do que outro fazer um exame em teu nome.
Segundo, é um insulto para os teus colegas. Quando plagias, tal como quando fazes batota num exame, tratas de maneira injusta aqueles que jogaram pelas regras. Buscas uma vantagem injusta sobre eles, e inevitavelmente, vais ver-te a olhar de uma outra forma, para aqueles que se deram todo o seu tempo e energia para a tarefa em que tu fizeste batota.
Terceiro, quando utilizas palavras e ideias das outras pessoas sem ter a sua permissão, isso é roubo. Seria errado esgueirares-te para uma fábrica e roubar os produtos manufacturados durante esse dia, e na academia, palavras, ideias, pinturas, composições, esculturas, invenções e outras criações, são aquilo que é produzido. É errado roubar e então reclamar o produto como próprio.
O plágio é um assunto muito importante no mundo académico.
Existem muitas formas de plágio, algumas menos flagrantes que os exemplos dados no início deste texto. Contudo, deves perceber e evitar todas as formas de plágio. Apresentar as ideias e palavras de outrem como tuas – de qualquer forma— constitui plágio. Algumas formas de plágio são provavelmente não tão óbvias para ti, como tal, vamos explicá-las em detalhe. Pensamos que muito do plágio é inadvertido ou provém do desconhecimento. Nós queremos ajudar-te a evitar este embaraço potencial.
Vamos imaginar que te é dada a tarefa de fazeres uma recensão sobre o livro de Theodore M. Porter, Trust in Numbers: The Pursuit of Objectivity in Science and Public Life (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1995). Ao preparares-te para escrever o teu texto, deparas-te com uma outra recensão desse livro por Lisa R. Staffen, publicado na Contemporary Sociology (March, 1996, Vol. 25, No., 2, pp. 154-156).
Essa recensão começa com o seguinte:
Tornou-se moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível ou, mesmo se atingível, é indesejável. |
Este começo de Staffen é bom enquanto prosa activa. Vamos imaginar que gostas da maneira como está escrito. Mais importante, vamos imaginar que o teu professor iria gostar muito dele. Tu decides começar da seguinte forma (O comentário original está escrito a vermelho)
Plágio: Eu penso que se tornou moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível. |
Isto seria um caso claro de plágio e como tal seria inaceitável.
Ao acrescentares “Eu acho” no início deste-lhe um belo toque pessoal, mas isso não muda nada. Vamos dizer a verdade: Provavelmente não passas-te muito horas acordado agonizado pela “noção de objectividade absoluta”, muito menos preocupado acerca de que se outros rejeitariam ou aceitariam essa noção com paixão.
Plágio: Eu penso que se tornou elegante rejeitar a ideia de objectividade absoluta com base em que esta não pode ser alcançada. |
Mesmo editando esta passagem tal como está escrito em cima, seria plágio. Embora tenhas alterado algumas destas palavras por outras --“elegante”, “ideia”, “noção”—a ideia expressa, junto com muitas outras frases, foi retirada por outra pessoa, sem que se desse conhecimento desse facto.
Deixando de for o “Eu penso”, não absolve em nada o pecado. Qualquer coisa que escrevas num texto, a menos que indiques o contrário, é assumido como sendo o teu pensamento original. É óptimo teres ideias originais, aliás, isso é até encorajado. Ficamos felizes quando as tuas ideias e opiniões são baseadas em argumentos e pensamentos teus, mais do que no rumor ou na crença de que os teus professores são de algum modo perversamente entusiasmados por palrares as ideias que eles já sabem (Embora por vezes pareça assim.)
Plágio: Muitas pessoas hoje rejeitaram a ideia de que exista tal coisa como a verdade absoluta umas vez que elas não acreditam de que tal possa ser alcançado |
Mesmo através de restarem apenas algumas poucas palavras do texto original, a ideia expressa foi retirada de outrem e foi oferecida como sendo tua. Mesmo que encontrasses um modo de expressa as ideias de Staffen sem utilizares nenhumas das suas palavras originais, não deixava de ser plágio. Desculpa. Continuam a ser as palavras e/ou ideias de outra pessoa e deves-lhe dar crédito por isso.
Usar as palavras e ideias de outrem e vais para a cadeia. Bom, não é assim tão mau, mas os académicos não têm nenhum senso de humor quando se está a fazer batota. O que aconteceria se algum aluno entregasse um trabalho que foi escrito por um amigo na mesma cadeira no semestre passado. Se ele tivesse apenas apagado o nome do seu amigo e teria escrito por cima o seu – e conseguia-se ler o original nas costas da página. Ele teria de fazer a cadeira outra vez.
Não existe nada de errado em apresentar as ideias e palavras de outra pessoa, que foram publicadas num trabalho escolar ou num texto. De facto, qualquer campo de pensamento envolve que as pessoas leiam a ideias uns dos outros, aprendendo e construindo-se a partir dessas mesmas ideias. A chave para fazer isto no modo devido reside em dar conhecimento e na citação
Quando utilizamos ideias e palavras de outrem, nós devemos dar conhecimento de que o estamos a fazer, e ao fazê-lo nós devemos dar aos nossos leitores a referência bibliográfica por inteiro, de modo a que eles possam ler e confrontar o original.
Talvez seja útil folhear alguns artigos de revistas académicas. Ser-te-ia claro que os académicos acham bem usar as palavras e ideais de outras pessoas. É apenas importante usá-las de um modo apropriado. Usá-las como recursos para construir a tua própria contribuição para o debate de ideias em curso.
Não faz mal que queiras esculpir um elefante. Não há problema. Pega num bloco de granito, retira tudo aquilo no bloco não se parece com o elefante. Agora não pretendas parecer de que foste tu que inventaste o granito (Se tal for o caso aqui vão as nossas desculpas)
Aqui vai um exemplo de como podes incluir o comentário de Staffen no teu trabalho, com a entrada bibliográfica no final do texto.
Uso correcto: Tal como Staffen (1996:154) começa a sua recensão do livro de Porter sugerindo de que “Tornou-se moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível ou, mesmo se atingível, é indesejável.” |
Isto dá a informação para o leitor, e deve ser acompanhado pela citação bibliográfica apropriada no final do teu trabalho:
Bibliografia: Lisa R. Staffen, "Featured Essays," Contemporary Sociology , March, 1996, Vol. 25, No., 2, pp. 154-156. |
Aqui vão outros modos aceitáveis de utilizar a passagem de Staffen. Cada uma deve ser acompanhada pela entrada bibliográfica no final do artigo.
Uso correcto: Na sua recensão ao livro de Porter, Lisa Staffen (1996:154) diz que é hoje comum rejeitar a ideias de objectividade absoluta “simplesmente porque é inatingível ou se atingível, é indesejável." |
Uso correcto: De acordo com Lisa Staffen (1996:154), tornou-se elegante rejeitar a ideia de objectividade absoluta no seu conjunto. |
Em suma, é bastante aceitável – e até desejável— incluir as ideias de outros no teu trabalho. Isto pode ser sinal de uma boa formação, bem como assegura ao teu professor de que tu realmente leste a bibliografia proposta. (Gostaríamos de pensar que leste pelo menos alguma parte dela).
Contudo, é importante de que tu dês conhecimento e cites correctamente os materiais. A chave é que o teu leitor saiba o que estás a utilizar e possa confrontar os materiais originais.
A propósito se o teu professor te pedir que escrevas um relatório sobre plágio, não copies o texto acima, a não ser de que o cites devidamente…
In Babbie, Earl; 1998; “Plagiarism”; http://www.csubak.edu/ssric/Modules/Other/plagiarism.htm
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