sexta-feira, março 02, 2007

Troley Bus


Foto: Evita Alle

O sinal está verde e o troley aproxima-se. Vem apanhá-la. Lá dentro os passageiros já sabem o nome da próxima paragem ignorando quem se aproxima. Ao frio, ela espera pelo que a irá levar ao reencontro com a cidade.
O verde já não mora aqui. A neve transformou-se em lama negra. Parece-nos sujo. É normal.
As botas esguias elevam-na de tudo isto e colocam-na no patamar das suas ideias. O sonho mora ali.
Não nota sequer o olhar voyeur, ou finge que não o nota de modo a retribuir o elogio. Nas mãos moram já os vinte centims, preparados para a senhora que guarda a viagem. Também ela era assim. Agora refugia-se no seu agasalho forte. A companhia é agora o seu partido.
O 19 irá continuar em breve o seu percurso. As Ielas que se sucedem misturando-se com avenidas, as palavras que se embrulham em várias línguas. Depois da ponte que atravessa o rio gelado está a cidade antiga e é aí que ela sai para...
O troley pára. As portas abrem-se, ela olha para cima. Está na hora de entrar. Fá-lo num movimento rápido apoiando-se nas botas finas. Segue viagem. Não mora aqui. É a vida...

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