O método é algo de fundamental no entendimento sobre como fazer as coisas.
Na área da arqueologia existe uma preocupação pelo método, seja método de campo, seja método de gabinete.
Trata-se sobretudo de um trabalho prático que se desenvolve através da experiência, aprendendo-se através do "ver fazer".
Ultimamente (penso que até já o escrevei aqui) o meu problema é a falta de capacidade para realizar determinado tipo de trabalhos (relatórios, estudos) com que o aluno se depara quando chega ao ensino superior.
A investigação, em particular a que estou ligado na área das ciências sociais e humanas, obriga ao conhecimento e habituação a este "biótipo" que é o meio académico.
Conhecer as regras de citação, saber estruturar um texto, saber programar uma investigação, são elementos fundamentais para qualquer um que esteja numa licenciatura. Mas todos os anos assistimos a mais uma leva de "inaptos" à qual, não tenho vergonha de admitir, também pertenci.
É um fenómeno de desarticulação entre o ensino pré-universitário e o ensino superior que parece mais desajustado em certas áreas das ciências sociais e humanas (embora conheça colegas de outras áreas que apresentam os mesmos queixumes).
Por aqui em Tomar tenho a honra e a satisfação de pertencer a uma equipa que vai reflectindo ao longo do tempo sobre o rumo que os nossos cursos estão a tomar.
É um processo sem grandes manifestações externas (parangonas), que se desenvolve de um modo informal. Passa por diversas conversas que se vão tendo entre nós e que acabam por desembocar em debate em reuniões de Departamento ou de área.
Não tenho pejo em referir de novo que me orgulho desta equipa em que estou inserido, sobretudo por esta abertura à reflexão e ao debate nomeadamente no que concerne à estratégia de ensino.
Penso que não é inconfidência referir como verificamos que temos cada vez ais vindo a sentir a falta de uma disciplina que prepare os alunos, desde o primeiro ano, nesta matéria.
E se trago o caso de Tomar para um espaço público como este, é essencialmente para dar o exemplo da experiência que faz parte da vida, que serve para ilustrar um ponto chave: se os alunos não vêm preparados do Secundário de um modo ajustado à nossa realidade, cabe nos a nós corrigir este facto nos primeiros anos da licenciatura (futuro 1º Ciclo).
Neste momento tenho um problema que me tem vindo a afectar e que talvez encontrem resposta: como conseguir que se façam trabalhos de investigação (estudos) logo desde o 1º ano?
É que existem alunos com dificuldades enormes. A maioria não consegue fazer mais do que composições, trabalhos fraquíssimos sobre esta ou aquela matéria.
A ideia principal é esta: um estudante estuda e como tal aquilo que produz na sua vida é estudo (nas várias variantes: reflexão, análise, etc). Esta componente é fundamental quer na aquisição de competências, quer na produção de ferramentas de trabalho que se tornam úteis à sociedade, bem como à administração.
Ensinar o método científico é algo que ultrapassa em muito o cartesiano problema-hipótese-conclusão. É ensinar a viver no constrangimento da escrita, na compreensão das normas e procedimentos que rodeiam a investigação, interiorizando a especificidade de cada área de estudo.
A metodologia será sem dúvida uma das áreas de futuro, onde muito falta ainda por desenvolver e que se assume como fundamental na criação de competências, ideia chave para os próximos anos no Ensino Superior.
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Método
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário