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Dominique Lestel. Maravilhas de um pequeno telemóvel, como testemunho de dois dias estimulantes na excelência.
Sempre me pareceu que na área à qual me dedico existe uma paixão secreta, imaginária por uma figura mítica: o Arqueólogo de campo.
Trata-se de alguém que reúne um pouco de vários mitos.
Imaginariamente desloca-se por vastidões de terreno, procurando esses restos míticos de um passado mais ou menos distante.
É o contacto com o campo, com a realidade, fora do espaço urbano.
Alguém que avança coberto de pó, só ou em equipa, com o sorriso aberto de quem contacta diariamente com a natureza.
É tão mítica a figura que penso que só poderia ser igualável ao famoso imaginário do arqueólogo-busca-tesouros, do qual o Indiana Jones se tornou um ícone.
Todos nós (inclusive eu em parte) temos um apreço especial por esta figura. É como se fosse a encarnação viva do desejo de todos: viver completamente a “full time” a profissão de arqueólogo.
Aqueles que detêm esse luxo acabam por mirar com certo desdém para os “Académicos”. Pobres diabos, que escavam quinze dias a um mês, por ano e que depois se debruçam sobre o resultado dessa campanha durante o resto do tempo que lhes sobra.
Estes graças à vaga teórica que assolou o campo da arqueologia, são vistos como uma espécie que habita num limbo. Desse lugar vão ditando uns escritos cá para baixo, os quais vão sendo consumidos pela ralé mortal.
A relação entre o arqueólogo de campo e o académico é a projecção imaginária de uma luta de classes, entre o proletário e o patrão.
Nas mais variadas conferências a que assisto, bem como noutras actividades públicas do meio, lá vamos assistindo a este confronto.
Ele reflecte a nossa pobreza, firmada na dialéctica marxista, dualista que ainda domina o nosso modo de pensar.
Trata-se no fundo de mais uma divisão criada num seio de uma sociedade classicista, em que cada um necessita ardentemente de justificar o seu papel.
Serve como um modelo pelo qual vamos trabalhando, acreditando mais na “prova material” ou no “trabalho teórico”.
Dá que pensar sobre o que é trabalhar em arqueologia. É assim tão diferente???
Plágio é a apresentação de palavras ou ideias de outrem como nossas. |
Tornar um texto que na realidade foi escrito pelo teu colega de quarto e dizer “Fui eu que escrevi isto”, é um claro exemplo de Plágio. O mesmo é verdade quando se compram textos já “Pré-fabricados”.
O mais leve castigo para plágio deste tipo, seria a atribuição de um zero como nota para esse texto. Outro castigo seria não ter aproveitamento nessa disciplina, ou mesmo ser expulso da escola Como podes ver trata-se um crime bastante grave.
O plágio é errado por várias razões.
Primeiro que tudo é mentir. Se te foi pedido que escrevesses qualquer coisa como prova de que pesquisastes vários materiais e tu estás a tomá-los de outra pessoa, isso é mentir (e roubar). È o mesmo do que outro fazer um exame em teu nome.
Segundo, é um insulto para os teus colegas. Quando plagias, tal como quando fazes batota num exame, tratas de maneira injusta aqueles que jogaram pelas regras. Buscas uma vantagem injusta sobre eles, e inevitavelmente, vais ver-te a olhar de uma outra forma, para aqueles que se deram todo o seu tempo e energia para a tarefa em que tu fizeste batota.
Terceiro, quando utilizas palavras e ideias das outras pessoas sem ter a sua permissão, isso é roubo. Seria errado esgueirares-te para uma fábrica e roubar os produtos manufacturados durante esse dia, e na academia, palavras, ideias, pinturas, composições, esculturas, invenções e outras criações, são aquilo que é produzido. É errado roubar e então reclamar o produto como próprio.
O plágio é um assunto muito importante no mundo académico.
Existem muitas formas de plágio, algumas menos flagrantes que os exemplos dados no início deste texto. Contudo, deves perceber e evitar todas as formas de plágio. Apresentar as ideias e palavras de outrem como tuas – de qualquer forma— constitui plágio. Algumas formas de plágio são provavelmente não tão óbvias para ti, como tal, vamos explicá-las em detalhe. Pensamos que muito do plágio é inadvertido ou provém do desconhecimento. Nós queremos ajudar-te a evitar este embaraço potencial.
Vamos imaginar que te é dada a tarefa de fazeres uma recensão sobre o livro de Theodore M. Porter, Trust in Numbers: The Pursuit of Objectivity in Science and Public Life (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1995). Ao preparares-te para escrever o teu texto, deparas-te com uma outra recensão desse livro por Lisa R. Staffen, publicado na Contemporary Sociology (March, 1996, Vol. 25, No., 2, pp. 154-156).
Essa recensão começa com o seguinte:
Tornou-se moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível ou, mesmo se atingível, é indesejável. |
Este começo de Staffen é bom enquanto prosa activa. Vamos imaginar que gostas da maneira como está escrito. Mais importante, vamos imaginar que o teu professor iria gostar muito dele. Tu decides começar da seguinte forma (O comentário original está escrito a vermelho)
Plágio: Eu penso que se tornou moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível. |
Isto seria um caso claro de plágio e como tal seria inaceitável.
Ao acrescentares “Eu acho” no início deste-lhe um belo toque pessoal, mas isso não muda nada. Vamos dizer a verdade: Provavelmente não passas-te muito horas acordado agonizado pela “noção de objectividade absoluta”, muito menos preocupado acerca de que se outros rejeitariam ou aceitariam essa noção com paixão.
Plágio: Eu penso que se tornou elegante rejeitar a ideia de objectividade absoluta com base em que esta não pode ser alcançada. |
Mesmo editando esta passagem tal como está escrito em cima, seria plágio. Embora tenhas alterado algumas destas palavras por outras --“elegante”, “ideia”, “noção”—a ideia expressa, junto com muitas outras frases, foi retirada por outra pessoa, sem que se desse conhecimento desse facto.
Deixando de for o “Eu penso”, não absolve em nada o pecado. Qualquer coisa que escrevas num texto, a menos que indiques o contrário, é assumido como sendo o teu pensamento original. É óptimo teres ideias originais, aliás, isso é até encorajado. Ficamos felizes quando as tuas ideias e opiniões são baseadas em argumentos e pensamentos teus, mais do que no rumor ou na crença de que os teus professores são de algum modo perversamente entusiasmados por palrares as ideias que eles já sabem (Embora por vezes pareça assim.)
Plágio: Muitas pessoas hoje rejeitaram a ideia de que exista tal coisa como a verdade absoluta umas vez que elas não acreditam de que tal possa ser alcançado |
Mesmo através de restarem apenas algumas poucas palavras do texto original, a ideia expressa foi retirada de outrem e foi oferecida como sendo tua. Mesmo que encontrasses um modo de expressa as ideias de Staffen sem utilizares nenhumas das suas palavras originais, não deixava de ser plágio. Desculpa. Continuam a ser as palavras e/ou ideias de outra pessoa e deves-lhe dar crédito por isso.
Usar as palavras e ideias de outrem e vais para a cadeia. Bom, não é assim tão mau, mas os académicos não têm nenhum senso de humor quando se está a fazer batota. O que aconteceria se algum aluno entregasse um trabalho que foi escrito por um amigo na mesma cadeira no semestre passado. Se ele tivesse apenas apagado o nome do seu amigo e teria escrito por cima o seu – e conseguia-se ler o original nas costas da página. Ele teria de fazer a cadeira outra vez.
Não existe nada de errado em apresentar as ideias e palavras de outra pessoa, que foram publicadas num trabalho escolar ou num texto. De facto, qualquer campo de pensamento envolve que as pessoas leiam a ideias uns dos outros, aprendendo e construindo-se a partir dessas mesmas ideias. A chave para fazer isto no modo devido reside em dar conhecimento e na citação
Quando utilizamos ideias e palavras de outrem, nós devemos dar conhecimento de que o estamos a fazer, e ao fazê-lo nós devemos dar aos nossos leitores a referência bibliográfica por inteiro, de modo a que eles possam ler e confrontar o original.
Talvez seja útil folhear alguns artigos de revistas académicas. Ser-te-ia claro que os académicos acham bem usar as palavras e ideais de outras pessoas. É apenas importante usá-las de um modo apropriado. Usá-las como recursos para construir a tua própria contribuição para o debate de ideias em curso.
Não faz mal que queiras esculpir um elefante. Não há problema. Pega num bloco de granito, retira tudo aquilo no bloco não se parece com o elefante. Agora não pretendas parecer de que foste tu que inventaste o granito (Se tal for o caso aqui vão as nossas desculpas)
Aqui vai um exemplo de como podes incluir o comentário de Staffen no teu trabalho, com a entrada bibliográfica no final do texto.
Uso correcto: Tal como Staffen (1996:154) começa a sua recensão do livro de Porter sugerindo de que “Tornou-se moda rejeitar a noção de objectividade absoluta com base em que é simplesmente inatingível ou, mesmo se atingível, é indesejável.” |
Isto dá a informação para o leitor, e deve ser acompanhado pela citação bibliográfica apropriada no final do teu trabalho:
Bibliografia: Lisa R. Staffen, "Featured Essays," Contemporary Sociology , March, 1996, Vol. 25, No., 2, pp. 154-156. |
Aqui vão outros modos aceitáveis de utilizar a passagem de Staffen. Cada uma deve ser acompanhada pela entrada bibliográfica no final do artigo.
Uso correcto: Na sua recensão ao livro de Porter, Lisa Staffen (1996:154) diz que é hoje comum rejeitar a ideias de objectividade absoluta “simplesmente porque é inatingível ou se atingível, é indesejável." |
Uso correcto: De acordo com Lisa Staffen (1996:154), tornou-se elegante rejeitar a ideia de objectividade absoluta no seu conjunto. |
Em suma, é bastante aceitável – e até desejável— incluir as ideias de outros no teu trabalho. Isto pode ser sinal de uma boa formação, bem como assegura ao teu professor de que tu realmente leste a bibliografia proposta. (Gostaríamos de pensar que leste pelo menos alguma parte dela).
Contudo, é importante de que tu dês conhecimento e cites correctamente os materiais. A chave é que o teu leitor saiba o que estás a utilizar e possa confrontar os materiais originais.
A propósito se o teu professor te pedir que escrevas um relatório sobre plágio, não copies o texto acima, a não ser de que o cites devidamente…
In Babbie, Earl; 1998; “Plagiarism”; http://www.csubak.edu/ssric/Modules/Other/plagiarism.htm
Pois é amigos o CAA 2005 está em acção.
Para quem não conhece ainda, o CAA (Computer Applications in Archaeology) é a maior conferência em aplicações informáticas e quantitativas à arqueologia.
E não é que este ano se vai realizar em Portugal!!!!! Sim a conferência internacional !!!!
O objectivo é sacudir aqui com o burgo e ver se damos um salto não só epistemológico mas também tecnológico e metodológico.
Parece incrível mas até agora só temos uma comunicação portuguesa. A proeza deve-se à empresa Hipocausto.
Então malta ?! Onde é que estão esses exemplos de ponta? Onde é que param esses projectos empreendedores e inovadores em Arqueologia??
A conferência tem um espírito porreiro, aberto, onde todos os que chegam de novo são bem acolhidos. É sem dúvida uma lufada de ar fresco.
Se poderem publicitem esta causa, por todos os meios.
Está na hora de acordar!!!!
O lema da conferência de Tomar vai ser: “The world is in your eyes”. Estará????
História
Já agora e para que vejam de que vai isto, conto-vos como conheci este meio.
Em 1997 enquanto estava em Madrid com uma bolsa Erasmus, descobri na Biblioteca do Museu Nacional, um livro vermelho da BAR cujo o titulo era “Proceedings of the Computer Applications in Archaeology Conference”.
Sempre fui um desses tipos que quase nasceu agarrado ao teclado (ai meu ZX81).
Pois bem, sentei-me e abri aquilo. Foi como se tivesse aberto a arca do tesouro, com o brilho das páginas a reflectirem na cara.
Era tudo aquilo que uma pessoa podia imaginar em termos de aliar computadores, electrónica e arqueologia. O campo era tão vasto.
Depressa descobri os outros volumes da conferência. Foi…
Logo decidi que tinha de ir lá. Tinha de ir ver aquilo. E não é que no ano seguinte ia ser aqui mesmo ao lado em Barcelona!!
Foi em 1998. Lá fomos. A proeza deve-se essencialmente à Alexandra que conseguiu um dinheirito para financiar a excursão. 14 horas de autocarro depois e eis nos em Barcelona.
Não é que estavam lá mais portugueses. O
Foi melhor do que alguma vez pensámos. Tão bom que repetimos a dose em 2000 em Ljubljana (Eslovénia). Dessa vez já levávamos não uma mas duas comunicações (o trabalho de seminário da Alexandra e o Templo de São Cucufate em 3D). Correu muito bem, apesar daqui dos putos terem metido a pata na poça e terem trocado as sessões (estão a imaginar a cara da malta de 3D quando viram uns bonequinhosque nós dizíamos serem agentes semi-inteligentes lol). A Alexandra chegou a ser nomeada para melhor comunicação e choveram convites para irmos fazer o Doutoramento lá fora.
Que mais se pode dizer de uma malta tão porreira, que nos recebeu tão bem. E entretanto lá temos continuado a ir. E a conhecer mais portugueses que vão desenvolvendo trabalho nesta área (Olá Alexandrino).
A história continua agora com o realizar do sonho de um dia podermos organizar este acontecimento fantástico, cá em Portugal.